Em um contexto de persistente sub-representação e violência de gênero, o painel “Desconstrução do Machismo Estrutural”, da 9ª Plenafisco, reuniu especialistas para discutir as raízes históricas e culturais do patriarcado, assim como as consequências que ele gera para a participação feminina nos diversos espaços sociais.
Entre as palestrantes, Roberta Garcia, jornalista e apresentadora do Instituto Conhecimento Liberta (ICL); Zaneir Gonçalves, doutora em Direito e pesquisadora; e Paola Lins, antropóloga e pesquisadora independente, trouxeram contribuições para o entendimento e combate ao machismo nos ambientes institucionais.
Abrindo o debate, Roberta Garcia apresentou dados que refletem a gravidade da violência de gênero no Brasil, ressaltando que esta questão não é apenas um problema social, mas uma ferramenta de controle que sustenta o patriarcado. Segundo a jornalista, 80% dos casos de violência política contra mulheres são motivados por questões de gênero. Garcia ainda mencionou que, todos os dias, pelo menos 4 mulheres são assassinadas no país, e a maioria dessas mortes está relacionada à violência doméstica e de gênero.
A doutora Zaneir Gonçalves apresentou uma perspectiva mais aprofundada sobre as origens do patriarcado, ressaltando que ele não é um fenômeno recente, mas uma estrutura de poder construída e legitimada ao longo dos séculos. Segundo ela, o patriarcado se solidificou na sociedade a partir de um modelo de organização social em que o poder é exercido majoritariamente pelos homens, enquanto às mulheres são delegados papéis secundários, vinculados ao espaço privado e à maternidade.
Encerrando o painel, Paola Lins abordou as formas sutis de machismo, que permeiam o ambiente de trabalho. Para Lins, as microagressões diárias, como a interrupção constante de falas, o descrédito em relação às opiniões femininas e a segregação em cargos de menor importância, são expressões do machismo estrutural que limitam o avanço das mulheres no mercado de trabalho.
Fonte: Fenafisco