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28 de julho de 2015

PAÍS DEVE VOLTAR A CRESCER NO FINAL DO ANO, DIZ GOVERNO

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou ontem que o Palácio do Planalto espera a recuperação da economia apenas no último trimestre do ano – antes, havia a expectativa que o país pudesse voltar a crescer já no início do segundo semestre. 

A nova previsão foi apresentada após reunião de coordenação política do governo. A expectativa, segundo Barbosa, é que a retomada ocorra a partir do terceiro trimestre e que ganhe ganhe força em 2016. De acordo com o ministro, a redução da meta fiscal de 1,1% para 0,15% do PIB, “é compatível com a manutenção dos principais programas do governo e com a recuperação da economia”.

A redução da meta fiscal, anunciada na semana passada, ainda tem gerado desconfiança no mercado e reflexos como a valorização do dólar.

Desde que a equipe econômica anunciou a redução para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) da meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública), na semana passada, o dólar passou a subir. 

Ontem, em meio a tensões na economia chinesa e a desconfiança em relação às metas fiscais no Brasil, a moeda norte-americana voltou a fechar no maior nível em 12 anos. O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 3,364, com alta de 0,51% (R$ 0,017). A cotação está no maior nível desde 27 de março de 2003, quando tinha fechado em R$ 3,386.

O ministro minimizou a resposta negativa dada pelo mercado à redução na meta de superávit primário, anunciada na última semana, e disse que as taxas cambiais irão se estabilizar. “Temos confiança de que os mercados vão se ajustar, e a taxa de câmbio tende a se estabilizar.”

Pessimismo
Brasília (AE) - As projeções do setor privado  apontam para uma retração de 1,76% no PIB este ano. Na semana passada, a retração era estimada em 1,70%. Para 2016, o processo de recuperação está cada vez mais nebuloso. Por isso, a estimativa para o crescimento do Brasil foi diminuída de 0,33% para 0,20%. Essas estimativas constam no Relatório de Mercado Focus, produzido semanalmente pelo Banco Central com cerca de 120 instituições financeiras. No caso da inflação, a previsão é o IPCA deve ficar em 9,23% este ano, em 5,40% no próximo ano e em 4,70% em 2017. Apesar de decrescente, as projeções estão piores do que na semana passada para o mesmo período: 9,15%, 5,40% e 4,60%, respectivamente.


Entrevista - Joquim Levy
Ministro da fazenda

“A principal preocupação é reduzir incertezas” 

Rio (AE) - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deixou claro, em entrevista exclusiva à Agência Estado, que o governo está fazendo o máximo que pode em termos fiscais, e que um esforço adicional depende fundamentalmente do Congresso. 
Levy afirmou que o superávit primário de 2016 pode ser aumentado, se houver um "alinhamento de prioridades entre Executivo e Congresso". Para ele, a recente redução da meta de 2015 poderia ter ficado "num mínimo" de 0,4% do PIB (e não 0,15%, como passou a vigorar) se o Congresso tivesse aprovado o projeto de lei que muda a desoneração da folha nos termos e no timing intencionados pelo Executivo.

Ele ironizou os vaticínios de que o País crescerá pouco depois do ajuste, lembrando uma história da sua pré-adolescência, quando um porteiro dizia que Levy, então mais baixo que a irmã (ele tem cerca de 1,90m), seria um adulto baixo: "Diante dessa extraordinária lição de vida, tenho certa reserva quanto a essa história de que o Brasil nunca mais vai crescer". A seguir, principais trechos da entrevista

O mercado interpretou a redução da meta como uma derrota do sr., e vitória do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
Isso tudo é falso e não faz sentido. A meta deste ano é muito clara e está dada. O que pode ser discutido é a meta de 2016. Dependendo da sinalização, dependendo de como a gente vai começar o segundo semestre, ela pode vir a ser mais alta. Dependendo da cooperação, do interesse e da relação com o Congresso. Tem de haver um alinhamento do entendimento sobre prioridades com o Congresso. 

Como seria esse alinhamento?
Obviamente, o Executivo vai ter de propor (uma meta mais alta para 2016) e acho que tem espaço para propor. Mas, na conjuntura atual, a gente tem de propor criando um ambiente de diálogo e capturando a sinalização que vem do Congresso, que se propõe a ter protagonismo. O protagonismo do Congresso até agora tem sido na direção de enfraquecer a meta, pelas mais diversas razões. O Congresso, por exemplo, transformou o Profut (refinanciamento de dívidas de clubes de futebol) em algo muito diferente do que havíamos proposto, sem que fique evidente que vai melhorar alguma coisa para os clubes. 

E em relação à forte redução da meta deste ano?
A principal preocupação é reduzir as incertezas. A incerteza afetou profundamente o comportamento das empresas. Há uma reticência muito grande em se pagar impostos, a receita tem caído mais do que aquilo que seria natural de se esperar, dado o ciclo econômico. O ajuste fiscal avança naquilo que o Executivo fez, no ajuste de preços relativos, etc. Tenho inúmeros testemunhos de empresas que dizem que se acertaram, mudaram preços, custos, e agora estão reengrenando. Mas venho alertando que existe uma questão fiscal estrutural. O aumento de receita dos anos 2000 foi em larga parte consumido pelo aumento das despesas obrigatórias, que continuam crescendo. Temos de melhorar a qualidade das despesas. E, além disso, temos a questão cíclica.

As novas metas não sinalizam um enfraquecimento do esforço fiscal?
A mudança da meta não é um relaxamento fiscal. Os cortes de gastos foram aumentados. Cortamos 30% de despesas em relação a 2014. Estamos voltando a níveis de 2013, em alguns ministérios até aos níveis de 2012. Fizemos o que o Executivo pode fazer, e o resto temos de construir com o Congresso. 

Quais são as causas de a recessão ter se revelado tão forte?
O fim do ciclo das commodities, variados fatores domésticos e a incerteza global. É evidente que há um quadro de instabilidade global, e temos de nos ajustar a ela. 

O sr. acredita na retomada de crescimento no fim deste ano, como o ministro Barbosa?
Se alguns fatores (de incerteza) se dissiparem, vamos ter isso. Como a mudança na desoneração da folha de trabalho. Muitos empresários com quem falei já haviam absorvido a mudança e estavam começando a retomar suas ações. Isso é que caracteriza um ajuste clássico. Mas na hora em que as medidas que o governo propôs não se concretizam, as pessoas ficam na dúvida. É para valer ou não? ‘Eu ajustei meu quadro de funcionários e meus preços, mas agora não sei se a mudança na desoneração vai acontecer ou não.’ Aí para tudo, as pessoas começam a especular e se quebra a retomada do crescimento.

 Fonte: Agência Brasil e TN Online

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