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30 de novembro de 2011

COMÉRCIO EXTERIOR PERDE FORÇA NO RIO GRANDE DO NORTE

O Rio Grande do Norte teve a maior queda nas importações entre os estados do país e está entre os quatro estados que reduziram o valor gerado com as exportações entre janeiro e outubro de 2011. Os dados, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mostram os reflexos da crise externa e do mercado interno aquecido no estado, de acordo com o professor de Comércio Internacional da Universidade Potiguar (UNP) Otomar Lopes Cardoso. O valor gerado com as exportações recuou 4,1% no RN. As importações caíram 32,15%.

Dos 26 estados e Distrito Federal, apenas Amazonas e Acre registraram redução maior que a do Rio Grande do Norte nas exportações. Enquanto isso, Nordeste e Brasil registraram alta de mais de 17% no valor gerado. O camarão registrou uma das maiores quedas no RN (-94,1%) entre janeiro e outubro de 2011, em comparação com o mesmo período de 2010. A produção passou a ser direcionada ao mercado nacional a partir de 2008, quando a crise começou a reduzir o consumo em outros países. O enfraquecimento do dólar e consequente fortalecimento do real também está na lista de fatores que estimularam a queda das vendas para o exterior. Com o dólar mais baixo, os exportadores passaram a faturar menos com as vendas no mercado externo.

IMPORTAÇÕES

Otomar esclarece que a queda na importação de equipamentos eólicos reduziu o valor total gasto com as importações no estado este ano. "Em 2011, a indústria eólica não importou muitos equipamentos. As empresas decidiram importar por outras filiais. Isto pesou na conta". Já o valor gerado pelas exportações caíram em decorrência da mudança de mercado do açúcar potiguar. "Nos primeiros dez meses de 2010, exportamos US$ 24,8 milhões, o equivalente a R$ 45,88 milhões (considerando a cotação a R$ 1,8500). Este ano, importamos pouco mais de US$ 2 milhões (R$ 3,7 milhões considerando a cotação a R$ 1,8500). Como o mercado interno está aquecido, os produtores redirecionaram sua produção para o Brasil. Se tivéssemos mantido a exportação de açúcar, o valor total gerado pelas exportações do RN tinha subido 6% e não caído 4,1%", afirma Otomar.

O fato do RN apoiar sua exportação em commodities, como o melão, por exemplo, também contribui para este quadro, acrescenta o professor. "Como exportamos muitas commodities, sofremos muito impacto da crise externa". O cenário no RN é reflexo da combinação entre crise internacional, que reduziu o consumo de commodities pelos estrangeiros, e aquecimento do mercado interno, para onde foi praticamente todo o açúcar produzido no RN este ano. Segundo ele, a queda das exportações significa redução das receitas das empresas. "Para o estado, o impacto é menor, porque o que não foi exportado é consumido no mercado interno, mantendo os empregos".

Apesar da queda, a tendência é que o valor gerado pelas exportações em 2011 supere o valor gerado em 2010 no estado. Esta recuperação, segundo Cardoso, seria puxada pela safra do melão. Já o aumento no valor gasto com as importações depende das estratégias adotadas pela indústria eólica.

Projeto de incentivo às importações será votado até a próxima semana

Para incentivar a importação através do porto de Natal, a Assembleia Legislativa apresentou na última quinta-feira o Import-RN - projeto que reduz os impostos para produtos que chegam ao estado pelo Porto de Natal. O projeto segue os moldes do Proimport e deve ser votado, em regime de urgência, sem passar pelas comissões de Constituição e Justiça e de Fiscalização e Finanças, até a próxima semana, segundo a assessoria de comunicação da Assembleia. "O conteúdo é o mesmo do Proimport", garantiu Benito Gama, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico.

A diferença é que "o novo projeto prevê a criação de um conselho gestor, formado por entidades de classe, entre elas a Federação das Indústrias do RN, e o governo", acrescenta o secretário. Benito "tem a impressão de que o projeto não terá nenhum voto contra" e aposta alto: "este projeto vai deixar nosso porto tão competitivo quanto Suape, em Pernambuco, e Pecém, no Ceará. Se não deixar ainda mais competitivo". O secretário também cita a geração de emprego e renda, embora Flávio Azevedo, ex-presidente da Fiern, tenha afirmado, em coletiva à imprensa no dia 4 de julho, que incentivar importações cria empregos fora do Brasil.

Para Flávio, o ideal seria estimular a exportação e não o contrário. Pelos cálculos de Benito, porém, o projeto geraria entre 7 e 10 mil empregos, entre diretos e indiretos, cinco anos após o projeto entrar em vigor. O atual presidente da Federação da Indústria (Fiern), Amaro Sales, entregou à Governadora e ao presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo Mota, um documento contendo várias sugestões para o projeto. O projeto propõe a redução de tarifas para a importação de produtos de 17% para 2% nos dois primeiros anos, 3% no terceiro ano, 4% no quarto ano e 4,5% a partir do quinto ano. Para Ricardo Motta, po rojeto "será a redenção do RN num futuro muito próximo".

Maior parte das exportações sai por outros portos

Um levantamento divulgado pelo chefe da unidade potiguar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Aldemir Freire, mostra que do valor total gerado pelas exportações do RN entre janeiro e setembro de 2011 (US$ 175 milhões, o equivalente a R$ 323,75 milhões, considerando a cotação a R$ 1,8500), apenas 4% saiu pelo Porto de Natal. Grande parte das exportações do estado - cerca de 42% - foi escoada pelos portos do Ceará (Pecém e Fortaleza). Os principais produtos potiguares exportados pelos portos cearenses são a castanha de caju e o melão.

Francisco de Paula Segundo, presidente do Comitê Executivo de Fitossanidade do RN (Coex), esclarece que cerca de 70% do melão do estado deixa a região pelo Ceará. Apenas 6 mil toneladas (os 30% restantes) deixam o RN pelo Porto de Natal. Durante a safra, entre 250 e 300 carretas descarregam melão no porto de Natal. Aumentar o volume da carga atrapalharia o tráfego na cidade. "O porto está localizado no centro de Natal", destaca Segundo. Para ele, a localização do porto limita a operação.

A movimentação via Porto de Natal deverá, entretanto, aumentar nos próximos meses. A CMA CGM, navegadora de origem francesa que opera no Porto, pretende ampliar o volume que transporta. Os planos foram anunciados durante reunião com representantes da Companhia Docas do RN (Codern), responsável pela administração do Porto.

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