Notícias


17 de agosto de 2011

ECONOMIA DESACELERA E CAI RITMO DE CONTRATAÇÕES NO RN

José Luiz de França, 38, trabalha na construção civil há 19 anos. Quando começou, era difícil aparecer serviço. "Agora, tá melhor. Há muitas oportunidades", analisa ele, que nasceu em Santo Antônio do Salto da Onça, veio para Natal e teve os passos seguidos pelo filho, Jefferson Luiz Alves, 20. Hoje, os dois trabalham na mesma obra e dividem o canteiro com mais 100 funcionários. "Nunca fiquei sem serviço", comemora Jefferson. O que pai e filho não sabem é que a construção civil já não contrata no mesmo ritmo. Seguindo movimento registrado em outras áreas da economia, o segmento registrou queda na geração de empregos formais em julho de 2011 no Rio Grande do Norte em comparação com o mesmo período de 2010 e 2009. Mas não foi o único a puxar o freio de mão. A economia potiguar, como um todo, dá sinais de desaceleração. E o número de empregos gerados no mês passado e no ano é prova disso. Se considerado apenas o mês de julho, foram abertos 1.293 postos de trabalho com carteira assinada no estado, considerando todos os setores da economia. Em julho de 2010, foram 3.078. Em julho de 2009, 2.899. O resultado registrado no mês, em 2011, é o pior desde 2005, segundo o Ministério do Trabalho. O desempenho do estado nos primeiros sete meses do ano também ficou abaixo do esperado. Entre janeiro e julho de 2011, o RN gerou 242 empregos formais (incluindo as informações declaradas fora do prazo) - número 46 vezes menor que o registrado no mesmo período do ano passado, quando criou 11.266 postos de trabalho formais. O estado ainda se recupera dos saldos negativos registrados nos primeiros meses do ano, o que explica, em parte, seu mal desempenho: o terceiro pior do Nordeste - tanto em relação ao número de empregos gerados em julho de 2011 quanto aos gerados nos primeiros sete meses do ano. "Estamos em processo de desaceleração sim. Nossa economia está crescendo num ritmo menor", confirma o economista Aldemir Freire, chefe do IBGE. O estado não repetirá o bom desempenho vivido em 2010, segundo o economista. Ano considerado atípico para todos os setores da economia. Mas, segundo Aldemir, o cenário é de recuperação e as perspectivas para o restante do ano são positivas. "A agropecuária vai voltar a contratar, o comércio também, e o setor de serviços. A construção civil também deve continuar contratando, mas num ritmo menor", projeta o economista. Embora tenham contratado menos que no ano anterior, setores como comércio, serviços e construção civil continuaram admitindo em julho. No último ano, a construção civil recuou e perdeu a liderança da abertura de novos postos de trabalho formais para o setor de serviços, mas continuou contratando. Zé Luiz, pedreiro há 19 anos, parece não se preocupar com a retração. "Sendo um bom profissional, não fica parado. Sai de uma obra, entra em outra". O Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN (Sinduscon RN) vai analisar os dados do Caged e deve se pronunciar hoje sobre o setor. Cortadores de cana vão mudar de ramo Preocupados com a demissão dos potiguares que trabalham no corte da cana de açúcar - reflexo da mecanização do trabalho, representantes do Ministério Público do Trabalho se reuniram ontem com entidades como a Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, Serviço Nacional da Indústria (Senai) e Sindicato das Empresas da Construção Civil (Sinduscon) e decidiram que os cortadores serão requalificados e absorvidos pela construção civil. Antes disso, porém, é preciso enviar um projeto para o Ministério do Trabalho e aguardar a liberação de recursos, como explica a procuradora do trabalho, Ileana Neiva. À Federação Nacional dos Trabalhadores e Superintendência Regional do Trabalho e Emprego coube registrar quantos trabalhadores foram demitidos em virtude da mecanização da colheita e descobrir onde estão. O MPT não sabe quantos foram demitidos nem quantos trabalham nos canaviais, no RN. O Senai ficaria responsável pela qualificação. Durante a reunião, a construção civil se comprometeu a contratar 30% dos cortadores de cana requalificados. O Ministério Público do Trabalho quer ampliar este percentual. Comércio e serviços são os que mais contratam Com o desaquecimento da construção civil, o setor de comércio e serviços assume a liderança na abertura de postos de trabalho com carteira assinada no estado. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o segmento abriu, até julho, 4.024, novos postos de trabalho no RN. Início do período de liquidações e contratações com vistas ao final de ano justificam o bom desempenho apresentando pelo setor, na avaliação da Federação de do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomércio). Entre janeiro e julho de 2011, o comércio, sozinho, contratou 686 pessoas. Apesar de apresentar uma pequena retração (27 postos de trabalho foram fechados em julho), o setor de serviços abriu 3.338 vagas no acumulado do ano, liderando a contratação de mão de obra no Estado. "Estes dados ratificam a força do nosso segmento e sobretudo o reaquecimento do setor de serviços que tem sua força principalmente das contratações das empresas que terceirizam serviços e no setor turístico, que inclui bares, restaurantes e estabelecimentos de lazer", afirma o presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Fernandes de Queiroz. Brasil Nacionalmente, a geração de vagas de emprego com carteira assinada desacelerou pelo terceiro mês consecutivo em julho e o saldo caiu para menos de metade nesse intervalo de tempo, chegando a 140,5 mil postos. Conforme dados do Ministério do Trabalho divulgados ontem, a situação se agravou com a perda de ritmo de São Paulo, líder na criação de empregos. O Estado apresentou o pior desempenho para meses de julho desde 2003, primeiro ano do governo Lula. A insegurança com a nova fase da crise mundial pode estar por trás da cautela dos empresários no mês passado, segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. "Não foi tão bom quanto gostaríamos", resignou-se o ministro. Ele havia previsto que o saldo de julho seria próximo ao do mesmo mês do ano passado, mas acabou ficando distante. O Caged apontou um saldo líquido do emprego formal, já descontadas as demissões do período, de 182 mil postos em julho de 2010 - número que depois foi revisado para 219 mil vagas. Mesmo assim, Lupi ainda acredita que poderá fechar o ano com as contratações superando as demissões em 3 milhões de empregos. A estimativa do ministro é superior, inclusive, ao saldo recorde de 2,5 milhões verificado em 2010, ano de grande expansão econômica. Fonte: Tribuna do Norte

Logo Maxmeio