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23 de março de 2011

PESQUISA DA CNC REVELA QUE AS FAMÍLIAS BRASILEIRAS ESTÃO MAIS ENDIVIDADAS

Os dados de março da pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada na terça-feira (22/3) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontam que 64,8% das famílias brasileiras possuem alguma dívida em vigência, alta de 1,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Dos lares endividados, 8,4% declararam não ter condições de honrar seus compromissos. Para a CNC, a maior percepção da incapacidade de conseguir pagar suas contas é motivo de atenção. “Isso mostra que pode haver aumento da inadimplência no país nos próximos meses, mesmo que de forma moderada”, disse Marianne Hanson, economista da instituição. Ela destacou que os níveis anteriores estavam baixos. “Esses números, por enquanto, ainda não são alarmantes, mas requerem atenção”, ressaltou. O número de famílias que declararam ter alguma conta atrasada ficou estável em relação a fevereiro (23,4%), e caiu na comparação com março de 2010 (27,3%). Porém, frear o avanço da inadimplência requer revisão dos padrões de consumo, o que nem sempre é uma tarefa fácil. Que o diga o vendedor Jurandir de Sousa e Silva, 43 anos. Ele ainda não conseguiu adequar seu orçamento e revelou que está pendurado em dívidas, a maioria adquirida no período em que ficou afastado do emprego — e que já estão vencidas. “Comprei uma estante no cartão da loja e só paguei duas prestações. Isso já faz um ano e ainda não consegui regularizar”, lamentou. Para o vendedor, o início de ano é um período propício ao endividamento. “O IPTU e o IPVA sempre pesam. A gente acaba deixando de pagar uma coisa para quitar outra, mais prioritária. É complicado conseguir deixar tudo em dia”, explicou Jurandir, que espera quitar as dívidas nos próximos 12 meses. “Me enrolei, mas aos poucos estou conseguindo pagar.” A preocupação do brasileiro em normalizar a situação de contas atrasadas em um período mais curto também foi identificada pela CNC. Na média de março, o consumidor demorou até 58,6 dias para livrar-se dos débitos. Entre as principais formas de endividamento, as campeãs foram as faturas de cartões de crédito, seguidas pelos carnês de pagamentos e as parcelas de crédito pessoal. Cenário desfavorável Com cenário econômico desfavorável, os consumidores deixaram de realizar novas compras. A CNC revelou que o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) teve, em março, recuo médio de 1,9%. “A gente observa uma certa desacerelação do ritmo de consumo, embora ele ainda esteja crescendo de maneira mais fraca”, afirmou o economista Fábio Bentes. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o indicador teve ligeira alta de 0,9%. Na avaliação da CNC, as medidas prudenciais adotadas pelo governo levaram o consumidor a refletir melhor sobre as prioridades de compra. “A gente teve resultados muito positivos em 2010, devido ao avanço de postos no mercado de trabalho e à facilitação no acesso ao crédito. Mas, agora, estamos em outro cenário, com a taxa de juros mais alta dos últimos 15 meses”, explicou Bentes. O pior desempenho ficou por conta dos bens duráveis — como eletrodomésticos de linha branca e automóveis —, que tiveram recuo de 6,9%. O nível de satisfação com o atual emprego também diminuiu (2,2%). Fonte: Correio Braziliense

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